terça-feira, 16 de julho de 2013

A Invencível Herança das Cruzadas: O Krak Des Chevaliers



Tombado como Patrimônio Mundial pela UNESCO, o imponente castelo representa o que de melhor foi criado na era dos castelos, desdobrando-se como um dos mais belos e bem protegidos. Durante as Cruzadas, sediou a Ordem religiosa dos Hospitalários e se tornou símbolo de resistência cristã na "Terra Santa". 

O Krak des Chevaliers (Castelo dos Cavaleiros) – ou Qalajat Al-Husn para os muçulmanos – está localizado na Síria e seu governo o mantém aberto ao turismo.

Sua construção parece ter sido um projeto sem-fim. Os Hospitalários receberam uma primitiva construção em 1141 e teriam feito ao menos duas grandes obras que só findaram em meados do século XIII. Na década de 1930, abandonado e quase em ruínas, passou por grande reforma para lhe trazer de volta sua antiga glória. Em 2008 foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

A surpreendente construção foi um formidável centro de defesa e controle regional para os cruzados. Construído no alto de um monte no sul da atual Síria, serviu aos propósitos das Cruzadas nos séculos XII e XIII. Estrategicamente posicionado no flanco do antigo Reino Jerusalém, foi um dos grandes responsáveis pela sustentação cristã na "Terra Santa".

Estima-se que na época em que serviu aos Hospitalários, o Castelo já possuía medições de 140 metros x 210 metros. Facilmente defensável, detém um elaborado conjunto duplo de defesas e, quando necessário, a fortificação podia guarnecer pouco mais de 2 mil soldados. Seus armazéns detinham grande capacidade para estocagem de suprimentos. Avalia-se que, quando completamente abastecidos, poderiam suprir as necessidades básicas da guarnição por alguns anos.

A fortificação resistiu a diversas tentativas de tomada por mais de 100 anos (teria repelido ao menos 12 incríveis tentativas). A poderosa construção finalmente caiu em 8 de abril de 1271, depois de resistir a um cerco de aproximadamente seis semanas empreendido pelo sultão do Egito, Baibars.

A tomada do Krak des Chevaliers ainda hoje suscita discussões. As tropas do sultão quando finalmente teriam conseguido "derrubar" uma das torres, depararam-se com algo ainda mais extraordinário, a segunda linha de muros e a torre de menagem (típica construção central do castelo europeu). Isto é, um segundo complexo de muros ainda mais difíceis de serem tomados e que deixaria os invasores bem mais expostos.

Recuando suas forças e profundamente desanimado com a possibilidade de um assédio (cerco) mais prolongado, o sultão teria criado um documento fictício no qual um dos líderes da Ordem dos Hospitalários estaria dando ordem de rendição, pois não havia como prestar auxílio algum aos defensores.

A ordem foi acatada e os bravos defensores do Krak teriam recebido salvo-conduto para casa. Há referências que apontam discussões que, na verdade, os Hospitalários sabiam que a ordem de entrega do castelo era falsa, mas, querendo camuflar sua desonra diante da derrota iminente, acataram-na fingindo desconhecer o fato.

Os Hospitalários seguiam duros preceitos de conduta e, como as demais ordens religiosas, suas "regras incluíam uma rígida disciplina militar, com penas pesadas para quem evitasse o inimigo, deixasse um estandarte baixar ou cair (...). Essas regras eram vistas como um meio de ganhar a salvação e, ao mesmo tempo, manter a honra e o prestígio da cavalaria".

A única coisa que parece ser certa, é que a guarnição do castelo estava reduzida (iminente fim das Cruzadas). Sobre o conhecimento ou não da veracidade documental por parte dos Hospitalários, apenas se sabe que há discussões acaloradas.


Texto: Eudes Bezerra.

Fonte: Imagens Históricas.

Referências: 

DUNN Jr. Jerry Camarillo. Krac des Chevaliers. Disponível em: << http://viagem.hsw.uol.com.br/krak-des-chevaliers.htm >>. Acesso em: 10 jul. 2013.

FERNANDES, Fátima Regina. Cruzadas na Idade Média. In. MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, p. 99-130. 2011.

JESTICE, Phyllis G. História das Guerras e Batalhas Medievais. O Desenvolvimento de Técnicas, Armas, Exército e Invenções de Guerra na Idade Média. trad. Milton Mira de Assumpção Filho. São Paulo: M. Books, 2012.

UNESCO. Crac des Chevaliers e Qal'at Salah El-Din. Disponível em: <<http://whc.unesco.org/en/list/1229 >>. Acesso em: 10 jul. 2013.

VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.

WATERSON, James. Espadas Sacras: Jihad na Terra Santa, 1097-1291. trad. Giancarlos Soares Ferreira. São Paulo: Madras, 2012.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Esquema de um castelo medieval

Estamos acostumados a escutar e ler (no Baschet, inclusive) que uma das características do Sistema Feuda é a ancoragem espacial, através da imagem do Castelo. O tamanho e imponência destas construções deixa evidente seu papel intimidador; entretanto, muitas vezes não paramos para pensar em como elas eram organizadas.


Claro, não podemos nos apressar e simplificar desta forma. A organização e estrutura destas fortificações variava de acordo com a época e região, e a imagem acima deve servir apenas como exemplo.

O objetivo é chamar a atenção para o fato de que os castelos eram muito mais que casas luxuosas de proporções exageradas; eram aglomerados funcionais de construções variadas, devidamente cercadas por estruturas de proteção.